segunda-feira, 17 de março de 2008

As Invenções...

Entardecência, de Dalvaci

Esta história começou há muito tempo atrás, no quintal da casa de Matias. E continuou aqui na oficina da OCA. Acolhimento na roda. Centramento. A música vem chegando pouco a pouco... São chocalhos, kalimba, flauta, violão, pandeiro. Água no intervalo. Paulo, Glauber, Maria. Túlio, Joel, Rhuna, Alex, Joélio... Gentes. A idéia é desbloquear e manter o desbloqueio. Sessão livre para fazer o que quiser.

A música é uma extensão do corpo, expressão de sentimentos... Quem sentir necessidade de se expressar, que toque, que cante. Imagens. Mãos vibrando, cordas vibrando, Rebeca. A Sagração da Primavera. Silêncio. Música no corpo, ritmo vital. John Cage. Assobio. Notas, instrumentos, sentimentos. Argila. Couro, PVC, bambu, sementes, aço, plástico, ferro, cipós, tambores... e a melodia da natureza toca. Beba Coca-Cola. Caros Amigos. Eu respiro. Meu coração bate. Meus barulhos, teus barulhos, às vezes serenos, tristes, às vezes gritantes, explosivos. Meu coração e o teu no mar da vida. O vento soprando pela janela pra ver uma estrela no céu. Sede de viver. Luiz Gonzaga, baião. Olhos da cor do limão. Cadê o mato? O boi comeu! Cadê o boi? Foi pro mato pegar picula. Amarelinha, jogo-de-gude... Cordel. Cantigas de roda. ABRE A RODA TINDOLELÊ. ABRE A RODA TINDOLALÀ. Lydia Hortélio e a história da Coca: “Minha vó comeu minha coca, coca, recoca que o mato me deu...” Câmara Cascudo. Paca tatu cutia não. Lampião. Tatu bola não morde. As dunas do Abaeté. O sorriso de Caymi, o mar, os coqueiros... Atlânticas paixões. Tua boca tem gosto de manga rosa madura. Segredos vegetais. Saudades do velho Dércio Marques e do Rio de Contas. Umbus maduros, cabras pulando cercas, comendo folhinhas. Cabras transgridem, apesar das cangas no pescoço. Teimosas cabras. Flor bonina. Gabriel, o Pensador e a poesia de Cora Coralina. Cabelos brancos de luz. Verde, vermelho, amarelo, preto. O Brasil é multicor. Guimarães Rosa e o Grande Sertão. Cerrado. Mata Atlântica. Amazônia. Pantanal. Policulturas. Povos de todo o mundo. Tudo que ocorre é música. Jogo de Angola. Banzo. “Cada qual é cada qual” (a benção Mestre Pastinha). Pau-da-chuva. Pet-da-chuva. Espírito. Dança. A natureza canta, vive e dança. Som sagrado. Som de pecado. Revolta, paz. Dor e guerra. Crianças na rua. De peito aberto. Fome. Exclusão. Inclusão. Sede de viver tudo que me cabe. E o riso da Dora lá atrás, feito molecagem. Algumas vezes choro com calma. Noutras, grito, faço escândalo. Tratando do silêncio. A dor do amor é intraduzível. E eu nunca mais comi tapioca com Maria e Glauber. Menino e menina. Expansão e recolhimento. O milagre do pão. A amizade. A liberdade. A sedução. A carinha do meu cachorro Big dando bom-dia ao amanhecer. E a mistura de arroz integral com gersal. Perna-de-pau. Romeu e Julieta. Lençóis cor de rosa na cama pra te esperar. Incenso de sândalus e cânfora. Cura. Bicho papão. Plantar árvores, perfumar a dor da Terra. Bumba-meu-boi, carnaval. Emboladas. Arrigo Barnabé e Clara Crocodilo. O que rolar. Não controle, tá combinado? Beija-flor. Borboleta. Pé de andu, água de côco. Tambor de crioula. Sopa de inhame. Manjericão, aroeira... Educação Vitalícia. Observatório do sim e do não. Processo de dentro prá fora. Existe separação? Brahma Kumaris. Mamulengo. Movimento. Corpo, toque, busca, troca. Matéria e espírito, depois de depois - - morte, vida. Palavra. Música que sai das vísceras, da própria alma. Ritmo. Volume. Altura. Menino na sinaleira fazendo malabares. Plantinhas crescendo na horta. Metamorfose ambulante. Eu – Terra e Lua. Tu – sol, água, vento, poesia... Sonho. Mode quê? Mode fazer uma história. Sua história. Minha história. Meditando. Caminhando nas trilhas da vida com Yogananda. Esquecendo a pressa, a métrica, a harmonia. Deixando a vida acontecer, o rio correr sozinho. O passar das horas. Intensidade. Duração. Timbre. Enredo Como nascem as estrelas. A estrada. A nuvem. Indo e vindo. Canção de amor à vida. Mãe ninando o filho pra dormir. Semeadura. Outono. Canção de trabalho, canto de colheita. Festa. Celebração. Nascimento. Entrega. Abrigo. João-de-barro. Coruja. Clarice Lispector. Formiguinhas atravessando o rio carregando folhas verdes pra comer. Quem ensinou ao vagalume acender a luzinha no escuro? Quem ensinou a jaqueira a produzir jaca? Vixe Maria, o nenen vai nascer. Meu pensamento tá em você. Na feira tem caldo de cana, beiju e um poeta recitando. Sanfoneiro dizendo versos. Que um velhinho ensinou a minha vó. Que minha vó ensinou a meu pai. Que meu pai me ensinou. Que eu ensinei a Ravi e Clarice. E aos meus alunos, minhas crianças. Ikebana. Cerimônia do incenso e das flores. Cerimônia das velas. Hare Krishna. Egberto Gismonti, Matias e Joaquim. Cantos de uma tribo de Bali. Simplicidade. Vila Lobos e Tom Jobim. Café com leite, pão torrado na chapa, coador de pano. Balanço de rede. Ciranda. Lia de Itamaracá. Doce de goiaba com queijo, chá de hortelã. Adélia Prado. Fogão de lenha cozinhando batata doce. O vôo dos pássaros. O sorriso do palhaço. Desafio. Zé Limeira e Patativa do Assaré fazendo serenata no céu com Leminsky. Cantoria. Zeca de Magalhães e Nego Dito. Lua cheia. Muito prazer em te conhecer. E até mais ver.

(Sinta os momentos que você vai entrar na música).
Velocidade, de Luciana

Chuva, de Ilma


Espaço, de Maria







Natureza
de Denise Vieira







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